Londres, Inglaterra ,1840.
O Cemitério de Highgate
Um jovem vaga pelos túmulos tal como se estivesse passeando
em um belo domingo de manhã em alguma praça da capital inglesa, contudo o
ambiente não condiz com esse ato, era noite tão pouco era um fim de semana... O
jovem parecia não ligar para o fato, cantarolava enquanto andava por entre
covas sem se importar. Para diante de um mausoléu e se senta.
-Aqui é tão tranquilo... –Diz alegremente se espreguiçando –Será
que isso que dizem sobre eterna paz? –Ri baixo com aquela pergunta –Paz...Será
que existe isso mesmo?
Com quem estava conversando? Com o nada? Esperava uma
resposta? Não...Por isso se distanciava de todos ... Se sentia próximo dos
mortos do que os vivos.
“Será por que eu sinto que estou morto?” Pensou.
-Não existe paz... –Uma voz foi emitida da escuridão, o
garoto se sobressalta e busca a fonte da voz, será que algum policial o tinha
encontrado?
-Quem está aí? –Perguntou já pegando um punhal que escondia no
bolso de seu casaco, seus olhos de íris que assemelhavam a mais pura esmeralda
vasculhavam a escuridão. Aquele cemitério não era só conhecido pelas pessoas
famosas que ali tinham sido enterradas, mas também pelo relatos da existência
de fantasmas e vampiros a vagarem por aquele solo dos mortos.
-Só uma alma solitária como você... – Uma luz de um cigarro
sendo acendido foi visto nas trevas, o cigarro foi levado a boca e uma face
jovem foi iluminada, era belo, tinha uma pele alva que mais se assemelhava a um
fantasma.
-Quem é você? –Perguntou o garoto temendo aquela figura que
mais parecia uma ilusão do que um ser real.
-Francis... Meu sobrenome eu já esqueci... Com o passar dos
anos ele nada significa...-Sorriu o jovem se aproximando –E qual é o seu?
O garoto analisou a situação, será que devia dizer ou não?
Mas...Faria alguma diferença? Não era alguém importante... O que devia temer
por revelar o seu nome?
-Meu nome...Sou Arthur Kirkz... O que fazes em um cemitério
a essas horas da noite?
-Moi? Só estou passeando...-Falou, um sotaque francês se fez
transparecer.
-Em um cemitério?
-Uoi... Além do mais, você também está aqui... O que faz um
garoto sozinho em meio a um cemitério? Se me dizer isso talvez eu digo o meu
motivo...-Sorriu amistoso.
-Eu gosto daqui...
-Hum? Um vivo que gosta de ficar junto com os mortos? Que interessante...-Francis
parecia interessado, Arthur esperava um repudio ou mesmo um risada... Relaxou
um pouco, talvez tenha encontrado alguém que compartilhava dos mesmos gostos.
-A maioria daqueles que amei estão no mundo dos mortos...
Dos vivos não tenho nenhum afeto, não mais...
-Oh... –Francis sentou ao lado de Arthur no mausoléu –Conte-me
a sua história...
-Tsc... Eu não gosto de receber ordens...Muito menos de um
estranho! –Resmungou Arthur.
-Ora, só estou curioso... Nunca encontrei alguém que tenha
simpatia pelos mortos, muitos jovens temem a morte... Evitam relembrar daqueles
que já se foram... Por isso quero saber mais! Por que não conta para mim? Tem
medo de mim...Artie? –Provocou o jovem.
-Ah? Lógico que não...Não temo nada!-Disse Arthur corando um
pouco com aquele apelido que foi proferido.
-Então...Me conte a sua história!
-Eu nasci no campo, meu pai tinha uma grande propriedade
rural... Estava na nossa família por gerações, meu pai ficou iludido com o dinheiro
da sua herança bem como dos bons frutos que vinham com o negócio...Decidiu se
mudar para Londres onde se deixou consumir pelas paixões da vida, bebida, jogos
de azar, ópio... Traiu a minha mãe com incontáveis prostitutas, logo estávamos afundados
em dívidas...Isso o levou a depressão e por fim o suicídio... Minha mãe se casou
com o sócio de meu pai este a maltratava constantemente... Um dia, em uma briga
os dois caíram da escada e morreram... Tudo isso aconteceu quando eu tinha
apenas 10 anos...Eu vi meu pai pegando sua arma em seu escritório, ele beijou o
meu rosto, seus olhos...Não havia mais vida neles...Pareciam os olhos de corpo
vazio, só havia escuridão neles...Ele atirou em sua cabeça na minha frente... Ainda
posso sentir o seu sangue quente em meu rosto... –Arthur tocou seu rosto, sim
ainda podia sentir o liquido rubro lá, mesmo que já tenha passado tanto tempo –Quanto
a minha mãe...Eu encontrei ela e meu padrasto quando retornara da escola...Eles
estavam mortos já fazia horas... Seus corpos já fediam...Mesmo assim eu a
abracei e dei o meu adeus...-Sorriu ao se lembrar do toque frio do corpo sem
vida de sua progenitora –Depois disso fui jogado a um orfanato...Mas não
permaneci lá por muito tempo... Eu sofria maus tratos pelos outros garotos órfãos
pelo simples fato de eu ter sido rico... Fugi de lá quanto completei 14
anos...E estou nas ruas desde então...Prefiro viver nos cemitérios...
Um toque frio na bochecha de Arthur o fez parar de falar,
Francis acariciava sua face...Logo percebeu que estava chorando. Desde quando?
Nem sentia as lágrimas escorreram de seus olhos...
-Não preciso de sua compaixão...-Afastou aquela mão do seu
rosto, quanto tempo não tivera uma caricia? Neste anos...Fora os seus pais,
nunca recebera afeto.
-Não se trata de compaixão... –Sorriu Francis –Eu só achei
que devo lhe dar um pouco de conforto...
-Não sou mais uma criança...-Resmungou, tentando esconder
o rubor de sua face levantando a gola de
camisa.
-Quantos anos tens?
-Tenho 17... E você? –Perguntou curioso.
-Digamos que se eu contasse quantos anos tenho de verdade...Não
irias acreditar! –Riu Francis, isso deixou Arthur confuso.
-Como você me contou a sua história acho que lhe devo a
explicação por que estou aqui... Bem... –O jovem retira papeis de seu casaco ,
eram desenhos, pareciam retratos reais feito com simples lápis dos túmulos
daquele cemitério –Me considero um artista...
-Tens um gosto estranho...
-Parece que temos gostos semelhantes ,Artie... –Sorriu,
Arthur pode ver por um relance algo que parecia presas.
-Estou buscando um modelo... Cansei de desenhar objetos...Queria
desenhar algo vivo...O que me diz? Queres ser o meu modelo?
Algo dentro de Arthur gritava para se afastar daquele
estranho, sentia que algo ruim iria acontecer se ficasse ao seu lado...Mas, ao
mesmo tempo sentia uma estranha atração, queria ficar ao seu lado...Queria descobrir
mais dos mistérios que aquele jovem belo guardava...Mesmo que aquilo pudesse
custar a sua vida.
“Estou destinado a morrer... Por que temer o futuro então?”
Pensou resoluto.
-Eu aceito... Serei o seu modelo...
-Que bom...-Francis sorriu.
“Sim...De fato...São presas...” Notou Arthur ao ver os
caninos avantajados sendo expostos naquele sorriso, deveria correr? Devia
gritar e implorar a sua vida para aquele ser que deveria ser um vampiro?
-Vamos? Ou iras me desenhar aqui? –Perguntou Arthur se
levantando.
-Oh...Não! Eu tenho um apartamento aqui perto...Queres mesmo
vir comigo? –O tom dele parecia incerto.
-Não me faça repetir duas vezes...Eu já disse que aceitava...-Sorriu
Arthur.
-Bem... Então vamos...Artie...
Essa história foi feita para um personagem fake meu que seria o inglaterra (Hetalia) versão vampiro.
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